Wednesday, May 30, 2012

Põe-me de guarda ao canto da boca que adormece todos os dias...
Uma sentinela, vagarosa, impaciente que conta todos os cordeiros da noite que vivem na memória dos outros.
Atravessei o rio, escutei uma musica que não uma valsa, uma musica antes de mim
Tive a memória daqueles que a viveram
os seus passos solenes, os seus toques entre corpos, os olhos em olhares que se vão despindo com a boca entreaberta e a respiração soletrando aquele momento de qualquer coisa que se quer para além do que se move
O existir antes da vontade, o existir antes do desejo
Caminhei depois do barco se afundar num riacho pela colina que leva ao Sol antes de ele se deitar
Esvaziei a colina com as pálpebras entreabertas
Sorri para uns olhos que me assaltaram , saídos de uma porta de madeira, solene, contadora de histórias
Passei de mansinho, porque nada mais havia a falar
A caminhada prossegue com suspiros e palavras de mim para mim
Palavras minhas que me perseguem na cidade, com um solo a rastejar pela calçada, invisível...
Os meus ossos dançam neste caminho cheio de coisas cheias, os pés levitam do chão porque estou ali
E sou uma turista de olhos alegres, porque ali passo em mim, porque vou ecoar naquela rua, sem dormências do medo de ser alguém, porque os olhos se cruzam anónimos e os sorrisos são livres e a multidão é individual aos meus sons internos/eternos.
Escuto/Escuto-me
E será  assim, uma caminhada em só maior com os dentes bem afiados...

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