Thursday, July 26, 2012

O vazio cheio, o cheio de vazio, o vazio e as coisas para além de coisas
O corpo e a pele e as coisas com essas coisas e o som dos murmurios e qualquer momento
que não é qualquer momento. É aquela viagem do ano passado com a curta instância dos dias de agora.Os olhos fechados com a areia do ano passado e a camisola a vestir-me o sono porque o vento insistiu, num sentido onde não me encontro, cheia de pedaços, aos poucos, desmembrados ou susurrados, aos poucos a sorrir numa efeméride de rosas ou sem elas. Numa virtude mouca ou oca com os dedos dentro do peito.
A acordar num nenufar mas sem silêncio porque o silêncio é destemido e fugiu e a barriga é maior que a minha.
Os Tritões procuram sereias com pernas a degolarem poemas de um chapéu tricolor e os meus pés não se molharam na água santa

Sunday, July 15, 2012

Hoje todas as coisas se vestem de linho
Até as palavras me parecem um linho quase desfeito
Porque me parecem vielas onde eu quero ir dar
Para não me socorrer da fuga a que pertenço
E alguém veste uma blusa de linho que se transparece no corpo vago
no meio sexo , no meio olhar, na mea culpa de qualquer coisa
que está agarrada por dentro
só se mexe com o ruído de uma dor não exacta
aquela do ventre
aquela que é profunda e quase anónima
aquela que vem do princípio e que não tem fim
e que se espalha lentamente como se fosse o refrão do corpo
a falar pela alma
No linho vejo a tua sombra, os teus lábios solenes, quietos, quentes
Aguardando uma palavra sem sentido
Mas a que esperas ouvir
sem o pudor na mãos mas com ele dentro
O que se não quer ouvir ,mas que se sente
aos poucos, devagarinho, a respirar
em bicos de pés
A textura a sair da boca transparente
com laivos brancos, rugosos,secos

e o linho escasseia para contar mais segredos

Friday, July 06, 2012

Vem de trás o que é silêncio
Uma manhã no teu solo, os vestidos dançam
As palavras aquecem
E o comboio parte

Monday, July 02, 2012

Dentro de mim e de areia nos pés

O risco preto nas costas a marcar uma lembrança
e dedos finos na pele apagam o silêncio das flores
O vento nas palavras com utopias lá dentro
e assim se fez o dia
nas ondas a correrem devagar até ao corpo

Sunday, July 01, 2012

Vou lembrar-me de todas as palavras que disse e daquelas que não sei dizer
Das palavras que esqueci o movimento porque não as soletrei a tempo perdido
Das palavras que ainda quero sorrir porque envelheci dentro de nada
das palavras que me fizeram suar por te amar naquele momento em que existias de olhos fechados sem sons deambulantes a magoarem os ouvidos
Dormir a um só corpo está para além do entendimento do prazer
A virtude de te ver sorrir, mesmo com lágrimas, é aquela que me faz buscar o sonho
de te querer entender
Dentro do Absoluto vou fechando os olhos para não fugir
Dentro de mim o Absoluto de um Só Absolvido
Sem cicatrizes do Só em mim
E dançar por me sentir em Si Só
E tudo existe para além destes "rebuscanços" de uma hora tardia
Em que a manhã vai "rebuscando" e o gato passeia na madeira do chão
E o Absoluto está Presente nos nós dos dedos