Wednesday, May 30, 2012

Son Lux - Leave the Riches

Põe-me de guarda ao canto da boca que adormece todos os dias...
Uma sentinela, vagarosa, impaciente que conta todos os cordeiros da noite que vivem na memória dos outros.
Atravessei o rio, escutei uma musica que não uma valsa, uma musica antes de mim
Tive a memória daqueles que a viveram
os seus passos solenes, os seus toques entre corpos, os olhos em olhares que se vão despindo com a boca entreaberta e a respiração soletrando aquele momento de qualquer coisa que se quer para além do que se move
O existir antes da vontade, o existir antes do desejo
Caminhei depois do barco se afundar num riacho pela colina que leva ao Sol antes de ele se deitar
Esvaziei a colina com as pálpebras entreabertas
Sorri para uns olhos que me assaltaram , saídos de uma porta de madeira, solene, contadora de histórias
Passei de mansinho, porque nada mais havia a falar
A caminhada prossegue com suspiros e palavras de mim para mim
Palavras minhas que me perseguem na cidade, com um solo a rastejar pela calçada, invisível...
Os meus ossos dançam neste caminho cheio de coisas cheias, os pés levitam do chão porque estou ali
E sou uma turista de olhos alegres, porque ali passo em mim, porque vou ecoar naquela rua, sem dormências do medo de ser alguém, porque os olhos se cruzam anónimos e os sorrisos são livres e a multidão é individual aos meus sons internos/eternos.
Escuto/Escuto-me
E será  assim, uma caminhada em só maior com os dentes bem afiados...

Monday, May 28, 2012

Quantos movimentos quebrados até a boca se roer em câmara lenta?
 Nada se perpetua, porque antes o esquecimento toca
 E o menino encostado deixa cair uma lágrima de ouro
 E as mãos umas contra as outras imitam-se em sons de anjos terrestres
 Os olhos polidos de cactos verdes, mordem o liquído
 Onde todos não entendem as palavras sossegadas
 E vamos ficando constrangidos, aos poucos, tocando ombros, dedos mãos, até não chegar à alma que tem a língua afiada
asinha,asinha, em língua antiga
 o segredo é antes de ser uma galinha
 sai uma mulher de um táxi e não é antiga
 Este é o som que invade uma rua que ainda não é deserta porque espreito à janela com o meu crepusculo
 Antecipado
 As coisas dos dias vão olhando para trás enquanto eu não digo uma vivalma
 Porque estou em mim, nesta liberdade bela e caótica, um quase vício
 O esplendor de morder as unhas aos poucos até se tornarem carne
 Arreliar os meus olhos com pudores pensantes
Odiar o som dos outros porque estão perto da minha solidão
 E não querer/crer mais nada senão uma tempestade de vazios com corpos que se mexem de vez em quando

 E o menino encostado deixa cair uma lágrima de ferro
E os felinos dormem
 E a minha boca adormece