Monday, July 26, 2004

Decomposição

E sentido a vaidade de sentir pena de ti mesmo Me esmago nessa tua inoperâcia volátil Esses manifestos anti-vida Dão-me nauseas e vontade de te gritar ao ouvido Todas a vozes de lamentos e discursos nasais de auto pena Se esvaziam numa caixa de retratos Se erguem no pulpito sacro-herege sonoro O silêncio de se ouvir algumas vozes não é suficiente Os olhos são a comiseração das tuas palavras A ablução da tua pena estóica Seremos todos sobreviventes de um mal Seremos todos sobreviventes de nós Descarna-se lentamente até chegar ao osso Escreve amo-te e volta-se a tapar com a saliva incadescente Um rebanho de carne vermelha urge no canto direito da sal A fogueira das desvaidades penteadas do lado esquerdo O fumo do cigarro enrola-se Floresce na sua volupia desvanescente Seremos todods penosos de vozes recaídas no fundo do poço? Que poço atravessa a linha recurva de um olhar? Fé Nos distúrbios das linhas recurvas da memória Acordo numa manhã ao sol de um rio que se banha na tempestade do medo Adormeço ao sono de uma valsa e o tempo esvazia-se Sem nada haverá somente tudo Sem nada serei um refúgio Descalço-me de mim, vazia da intemperie do pensamento E o tempo escorre-me ao canto da boca 

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